22/12/2009

Entrevista: Regina Drummond


A escritora Regina Drummond, prefaciadora da antologia No Mundo dos Cavaleiros e Dragões, concedeu entrevista onde fala um pouco sobre as influências da fantasia e sobre os aspectos ligados a temática dos Cavaleiros & Dragões.


Cavaleiros & Dragões: A fantasia clássica Tolkieniana ainda é uma grande influência nos dias de hoje?
Regina Drummond: Sim, e sempre será. Uma obra que se torna um clássico servirá como referência para todos os que virão depois dela.


C&D: O que diferencia a fantasia clássica da moderna?
RD: Você pode usar a palavra clássica com pelo menos duas conotações diferentes. Na primeira, uma obra será considerada clássica quando se tornar uma referência; na outra, pensamos em uma obra escrita no passado, mas que é lida, admirada, de temática atual e interessante, que nos fala como se tivesse acabado de ser escrita. A literatura moderna sempre vai beber na clássica, que é a fonte – e a mesma coisa acontece com a fantasia: a moderna busca suas referências na clássica.


C&D: Por que o mito dos dragões atrai tantos leitores?
RD: O universo dos dragões é fascinante e assume significados diferentes conforme a cultura. E isso que eles nem existiram! Quer dizer, não como são imaginados, aprisionando belas princesas e soltando fogo pelas ventas... Os dragões do tempo dos cavaleiros, que é o que nos interessa, significam nossas lutas, os inimigos que temos de vencer para alcançar os objetivos, e isso não é pouca coisa, não!


C&D: Existe alguma referência forte hoje no mercado editorial que você indique a leitura? Por que?
RD: Desculpe-me, mas detesto citar nomes... Isso por que a gente sempre acaba se esquecendo de alguém e sendo injusta. Além do mais, viva a diversidade! Como o maravilhoso é que cada um gosta de uma coisa, não vou roubar dos leitores o enorme prazer de pesquisar e decidir o que vai ler!


C&D: E o mercado nacional, o que tem feito pelos dragões?
RD: Muito pouco, o que é uma pena. Mas ao constatar essa verdade, pode acontecer uma mudança, o que será muito positivo.


C&D: Falando nisso, o que você acha de um dragão 100% brasileiro?
RD: Se é que isso ainda é possível, adorarei conhecê-lo! E, se digo assim, é porque a figura do dragão é algo que já trazemos dentro de nós, gravada pelo fogo que sai de suas ventas. Quando falamos a palavra “dragão”, já uma imagem pronta nos vem à mente, de modo que acho que não é mais possível criar um totalmente novo, ele terá os traços de todos que o antecederam. Entretanto, uma nova história bem brasileira há de ser sempre interessante.
A escritora Rosana Rios, que é uma amiga minha muito querida, é apaixonada por dragões e, após uma longa pesquisa, acaba de escrever um livro a respeito. Eu não li os originais, mas posso recomendar a quem gosta do tema que fique ligado! Vem coisa boa por aí...


C&D: Agora olhando para os cavaleiros: é errado pensar neles só como símbolo da moral e dos bons costumes?
RD: Com certeza, se você pensar neles “apenas” assim. Na verdade, eles se tornam personagens verossímeis quando cometem erros e buscam repará-los, quando nos são apresentados com várias facetas (e não uma única), quando têm atitudes e características humanas.
A figura do cavaleiro mau, desleal, egoísta está sempre presente nos contos, e mesmo quando é maniqueísta, consegue empolgar e envolver o leitor – afinal, sempre gostamos de ver os maus sendo castigados.
Agora, o cavaleiro que leva ao pé da letra as regras da cavalaria será sempre um símbolo.


C&D: O que você olharia numa história para dizer "uau, esse autor ou essa autora soube inovar com esses elementos!"?
RD: Não existem fórmulas prontas, mas a maneira de contar a história tem de ser agradável e essa história tem de ser interessante. O que eu mais gosto é de ser surpreendida, por isso aprecio imensamente a criatividade – e adorarei um texto supercriativo, que apresente novidades no gênero.


C&D: Esquecendo a inovação e pensando só no gosto pessoal: qual seria o ambiente ideal para uma história de cavaleiros e dragões?
RD: Qualquer um, desde que a história seja boa, bem escrita, verossímel e encontre soluções inteligentes para os conflitos.


C&D: O que o leitor pode esperar dessa coletânea?
RD: O primeiro desejo de um autor é entreter o leitor, portanto, é entretenimento o que se espera de um bom livro, quando o temos nas mãos. O livro fica muito bom, quando consegue envolver o leitor e levá-lo à reflexão, mostrando novos caminhos e trilhas secretas no meio da mata, onde possa caminhar na busca de soluções para os seus próprios conflitos. Se oferecer ideias novas para pensar a respeito e for bem escrito e agradável de ler, ficou maravilhoso. Se der para, ainda por cima, aprender alguma coisa, será perfeito. Certamente é o que se espera de um bom livro e é o que se pode esperar dessa coletânea.

Contatos com a prefaciadora:
Email: regina-drummond@web.de
Site: http://www.regina.inweb.adm.br/




[O blog Cavaleiros & Dragões agradece especialmente ao escritor e crítico literário Eric Novello pela gentil elaboração das perguntas desta entrevista].

2 comentários:

  1. Parabéns Regina e Rober, ficou excelente.
    Sucesso pra vocês e um natal repleto de cavaleiros e dragões...rs
    Abração,

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  2. Olá,

    Vc acaba de receber o prêmio "Esse Blog Vale à Pena", pelo

    blog Metamorfose Ambulante.
    Para pegar a imagem do sêlo e colar em seu blog, envie seu

    endereço de e-mail para yvsaraiva@gmail.com

    A condição para colar esse sêlo em seu blog é simplesmente

    indicar outros 5 blogs preferidos...

    Parabéns, Yv.

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